quarta-feira, 26 de agosto de 2015

NA SELVA DE CONCRETO


Caminhando pela cidade de céu cinzento
Olho e vejo uma arquitetura íngreme, áspera, obscena
Uma arquitetura verticalizada, pessoas em cima de pessoas.
Acordo com as descargas de privadas, mais um dia vertiginoso se levanta.
Os muros estabelece o limiar entre a casa e a escuridão lá fora
onde tudo é incerteza.
A cidade está calada, mas ouço gritos silenciosos de desespero.

A selva de concreto a todos vai engolindo como um sorvedouro
Já não se ouve mais o canto do sabiá
Os passos nas calçadas causam histeria
Já não posso caminhar sozinho no silêncio da madrugada
contemplando a bela surdez das avenidas, ruas e vielas.

Ouço gemidos silenciosos da grande prostituta
Que se ergue como a besta apocalíptica nos sete mares
A humanidade geme, e goza de lascivos prazeres mundanos
E os loucos que vivem na normalidade preenchem cada dia
mais os consultórios psiquiátricos.
Ladrões roubam sua mente e sua sanidade com antidepressivos
Mas, jamais eles te medicarão sentar-se numa mesa de bar e prosear com os amigos.
Milionários, tomando antidepressivos com wisk e pulando de coberturas
Pobres e malogrados usando pedras como travesseiro
Será que a distribuição de renda é o único problema? Ou existe um abismo
maior nas zonas abissais do ser das pessoas?
E os valores supremos da sociedade, em partes, desvelam-se
valores de decadência.

O homem e suas parafernálias tecnológicas vão sulcando o planeta
E sujeitando o mundo ao seu domínio luciferino, dissacralizando o seu lar.
Não há mais sentido de ser, tudo é calculado pela lógica, pela razão.
Não, não, não estou aqui a procura da verdade suprema calculadora dos cosmos
As leis universais da física e da matemática, tampouco a métrica de Camões.
Sou apenas um homem que quer viver, sentir a terra sob os seus pés
Caminhar sob a chuva sem guarda-chuvas, Ai!! Lá se vem chuva ácida.
Caminhar sob o sol sem filtro soltar, ah!! Ah, já não temos camada de ozônio.

Na rua lá de casa vejo craqueiros, damas, putas, senhoras e maconheiros
Uns vão para as igrejas outros para os bares, em busca do mesmo objetivo: de um ópio que torne a existência suportável.
Permitam-me abrir um parêntese aqui (nada melhor que um churrasco e uma gelada para preencher o vazio existencial)

Para curar esse mal, para abrir novos horizontes, vislumbrar novas utopias, pra viver é preciso coragem, luta, enfrentamento, abandono da mediocridade que somos.



sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

AMOR COMPARTILHADO



Minha amada
Seus beijos são favos de mel
Minha querida
Quão aprazível é o nosso amor
Inunda toda a casa, a vida.
Pouco me importa a eternidade
Quero viver
O futuro a Deus pertence.
Esse sentimento é uma monstruosidade
Redemoinho em alto mar
Afloram-se os sentidos
E quanto o passarinho canta
na janela é sinal que é hora de amar
Como o rio ao mar se doar.

Ass: Rodrigo



DESEJOS



Desejos,
Beijos,
Vontade cega!
Agrilhoar esse pássaro
É amarrar-lhe uma pedra no pescoço
E pedir para atravessar mares revoltos
Sem beber um gole d’água salgada
Um desejo saciado é o porto de partida
para outra jornada.
É o início de outra procura
Nada cura
Essa vontade cega.

Ass: Rodrigo

QUANDO O AMOR NOS INVADE




Quando o amor nos invade
A indiferença se evade
Não tem outra, não tem pra ninguém
A dopamina anestesia as dores
O coração goza de felicidade
Campos verdejantes, em flores
Pássaros cantarolando
Borboletas em voos rasantes
Rasgam o horizonte, os céus
Borbulha de champanhe
Os corações amantes.

Ass: Rodrigo

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

EXISTENCIALISMO EM PROSA E VERSOS



Estou fadado de explicações metafísicas
Levem para longe de mim as certezas
Deixe-me vadiar com minhas dúvidas
Não quero setas, não quero que me digam
qual caminho devo seguir.
Deixem-me ir sozinho caminhar
vê os riachos desaguar
O nascer e o pôr-do-sol.


Será que eu devo gritar? Vocês estão surdos?
Deixem-me com meus traços de loucura
que a todos vocês fascina.

Do pó vinhestes ao pó voltarás!
Parem de encher-me os ouvidos
Não! Não! Não, não diga nada
Queimem às ciências, a história das artes
Queimarei os livros de Descartes

Vão todos vocês para o diabo que os carregue.

Ass: Rodrigo

ENQUANTO A CHUVA CAI




Enquanto a chuva cai nos telhados
regando a terra e purificando o ar.
Eu aqui me sinto quase sem fôlego,
Pensamentos, pensamentos ...
milhares de pensamentos
me invadem nesse momento.
 Memórias se arrastam nos porões
de minha residência e veem me visitar
Cadê meu direito de esquecimento consciência?
Mas é me declarado estado de exceção
Meus direitos de divagar ao léu
estão suspensos.
Como a chuva que desmorona do céu
na minha cabeça.
 Escorpiões caminham pela casa
ouço ranger de ratos no porão
E uma voz silenciosa fala mansamente
na minha mente.
Uma voz tirana
Insana...
Levou-me ao bando dos réus
a ser ajuizado por esse silêncio
que faz com que eu perceba a mim
mesmo com ser distinto do outro.
“Penso, logo existo”, melhor seria

esqueço logo existo, ou vivo logo existo.

Ass: Rodrigo


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A VOZ DO CORAÇÃO



Quando o coração fala mais alto
A rua se torna um beco sem saída.
É sinal de inundação na sua casa
E por mais que você jogue um balde d’agua
As muitas águas não apagarão as brasas
Tampouco o ciúme sepultará.

Quando o coração fala mais alto
É quanto você se sente mais vivo
É quanto seus sentidos se afloram
E tudo passar a ter um sentido, embora,
às vezes, abandonado de razão.
Quer saber?! Loucos para mim
são aqueles que conseguem viver
na normalidade.
O que me encanta nas pessoas
são seus traços de insanidade
que caracterizam sua personalidade.

É hora de chutar o pau da barraca
Jogar os remos fora
Caminhar descalço sem rumo
Foda-se a mulher do padeiro
É hora de tomar uma dose de conhaque.

Muitos esquecem o hoje pensando no amanhã,
outros não vivem o amanhã
pensando no depois do amanhã
Daí a vida se esvai.

Viver meus caros é mais que simplesmente existir.

Ass: Rodrigo

CHEGA DE DESCULPAS




Chega de desculpas
Joguem no precipício suas fraquezas
Distribua abraços
Faça aquela farra com os amigos,
solte das jaulas suas vontades e desejos
Cadê aquela menina?
Por onde andam seus rastros?

Pra que enganar a si mesmo?

Venha minha pequena
Correndo de encontro ao teu amigo

Que de braços abertos lhe aguarda.

Ass: Rodrigo

REDES SOCIAIS



Quantos sorrisos brindando à vida
Nas redes sociais
Será tudo alegria ou mais um teatro
no qual cada um veste suas máscaras?
Será que o ser dessas pessoas é como
si apresentam, ou grita ais?

Redes sociais
Quanta felicidade compartilhada
Quantas alegrias vidas
Quantas gentes juntas e solitárias.
Que o mundo virtual
Não suplante sua vida real
Mas seja uma extensão desta.
Uma extensão da potência da vida

Que germina em cada pessoa.

Ass: Rodrigo

SONS DO AMANHECER



A espertador toca
Acordo, olho no relógio ao lado da cama
São 5h... 6h da matina, a aurora rompendo
a escuridão.
Algumas esperanças se levantam
Outras continuam enroladas nos lençóis
E se negam ir ver o sol.
Ouço barulho de passos, chuveiros,
descargas de privadas.
Vidas privadas
Se esvaindo no ritmo vertiginoso da vida

moderna, sem tempo pra sentar e tomar um café.

Ass: Rodrigo

CAIR DA NOITE

A noite cai
E com ela um sol de gelo petrifica-me.
Ela tem sido minha fiel escudeira,
Mais um dia se esvai
E ao meu lado na cama senta
uma desconhecida.
E calmamente me abraça com seu
doce manto aquecedor.

Estou aqui
Sentado à beira da cama com
as mãos feito estacas escorando
o queixo.
Eu e ela, e uma ausência que grita
porta adentrando na casa, varrendo
salas, cozinha e quartos.

Ass: Rodrigo



UMA VIDA SEM LITERATURA É AMOR SEM PAIXÃO



Uma vida sem literatura é como um amor sem paixão
Rango sem tempero, a própria vida sem inquietação.
É preciso existirem páginas abertas e outras que
causem arrepios serem folheadas.

A vida sem literatura é como um barco a deriva em meio
aos vendavais. Sem rumo, no breu das marés intempestivas.
É como beber uma cerveja sem álcool
Ir ao nordeste e não beber uma dose de cachaça com raízes.

A vida sem literatura é como acordar de madrugada
com uma fome lascada de corroer o estômago e não ter
um pão com ovo para comer, saciar a forme.
Santa Margarida!!!
É andar meio ao deserto
Sem esperança de um poço d’agua por perto.

É declarar estado de calamidade pública.

Ass: Rodrigo

ZÉ E ANTÔNIA



Zé sempre admirou a harmoniosa
beleza de Antônia.
Uma garota bela e graciosa
Voz macia e sedosa
Como as pétalas de uma rosa.
Sua essência transborda.

Os passos daquela garota
Eram como um motor imóvel, sedutor
O sol, que atrai tudo ao seu redor.
Ah, Antônia,  Antônia, Antônia!!!
Quantas noites de insônia
Tu causas no podre Zé ferreiro.

Zé, ô zé, ô zé, o zé!!!
Que pena Antônia não saber

Toda calentura que carregas.

Ass: Rodrigo



MOMENTOS



Bom dia, boa noite!
Assim, sempre converso com aquela garota
Que não sabe como tem sido minhas noites!
Ontem, hoje, quem sabe amanhã... boa noite!
E vou dormir, os sentimentos em açoites!

Há, quem me dera um dia romper a madrugada
Sentir a garoa caindo sobre nossos corpos
Sentir o gosto da lua.
Eu e você, sentados no banco de uma praça.


“dizer sim a um momento é dizer sim a eternidade”.

Ass: Rodrigo

AMAR POR AMAR



Hoje acordei calçando os chinelos invertidos
E se eles não quiserem me acompanhar
os deixarei para trás.
E caminharei de pés descalços sobre a terra
Quero sentir o sabor do chão nos pés
e sua textura aveludada, agressiva,
no paladar.
Como quem degusta um bom vinho.

Sejam terras fecundas, ou terrenos desertos
Jardins floridos ou cheio de insetos
Sairei sem um destino geográfico (mapas)
Apenas trilhando os caminhos da vida
no seio da densa floresta.

Meterei as mãos no meu peito
E rasgarei a grossa crosta terrestre
que o sepulta.
E deixarei vir a tona todas as vontades
Todas as perturbadoras mentiras e verdades
Todos os meus sonhos, desejos, inquietações.


Deixarei ecoar um grito na densa floresta.

Ass: Rodrigo

O CORAÇÃO DE UM POETA

O meu coração comparo a um vulcão.
Existem tempos de deitar larvas
flamejante sobre a carne, deixando-a
sangrando, trêmula, em carne nua, crua.

Vezes é análogo a uma avenida
cheia de pessoas, buzinadas e burburinhos,
Calçadas pisoteadas.
Vezes, parecido com uma viela
desconhecido ao grande público.

Existem dentro dele medo,
Obscuros segredos
Que não me atrevo revelar nem
a mim mesmo.

E mais que tudo isso, existe dentro dele
Uma paixão ensurdecedora, insana
Que salta do peito e rola pelo chão, cama

Transbordando de soberba nos meus lábios.


Ass: Rodrigo

VIVA A VIDA

Certo dia nos lançaram nesse mundo
Em meio a gritos e sangue, com dores,
te deu a luz aquela que te gerou no ventre.

Então meu caro, não deixe a vida passar
Olhando pela janela de sua casa
Pule a janela e venha ver o sol, venha
vê a luz que vistes quanto a esse mundo
vinhestes.

Tire a roupa que encobre seus sentimentos

E saia correndo nú pelas ruas da cidade.

Ass: Rodrigo

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Menina Sapeca





Eita menina sapeca
Crescida
Mas que não se esqueceu da boneca.
Pula, grita é pura diversão
Com ela a tristeza salta de alegria.

Eita mulher crescida
Que guarda em seu ser uma menina
Que não esqueceu seus brinquedos
E vive a vida sem medo
de ser feliz.

Rodrigo Brito

Psc: poema escrito especialmente para minha
nobre Giselle.

Pena de Morte Para as Mazelas Sociais?





          O fuzilamento do Brasileiro Marcelo Archer foi o prato cheio nas redes sociais, o que vimos foi à decisão do governo da Indonésia ser aplaudida pela grande massa da população, não obstante, muitos querendo importar essa lei para o Brasil. Muitas pessoas põem a lei acima de qualquer coisa, como se a Lei fosse sinônimo de Justiça, sendo que, muitas vezes a Lei não está sendo iluminada pelo farol da Justiça.
          Antes de qualquer decisão é necessário uma reflexão, ou seja, pensarmos de forma consciência sobre suas causas e efeitos. 
          A pena de morte no Brasil como efeito dissuasor serviria no geral apenas para os pobres, negros e qualquer tipo de minoria. Agora, se estamos falando sobre um tema social se faz necessário uma reflexão sobre um tema chave envolvendo essa questão, que podemos denominar como Questões de Justiça Social. Outra questão impossível de ficar a parte é pensar a Política, pois vivemos em um Estado Democrático de Direitos.
          No primeiro momento conversaremos um pouco de forma introdutória  sobre as pessoas que nas redes sociais aplaudiram a ação do governo da Indonésia, tendo como pano de fundo a política (na Indonésia muitas mulheres foram mortas apedrejadas acusadas de adultério, que leis hein !?). Digamos que você faça um post de uma matéria relacionada a política no facebook (uma visão crítica, que não seja post de partidarismo), quantas pessoas você acha que lerão ou ao menos clicarão em curtir?! Considero que a resposta é previsível, que serão a minoria do seu hall de amigos que comentarão ou visualização a matéria. Então, a grande massa dessas pessoas que gritaram fervorosamente por “morte aos traficantes”, são as que não estão nem aí para as questões política/justiça social, não obstante, são adeptos da equivocada expressão “política e religião não se discute”, e é isso mesmo que os nossos representantes do poder legislativo que “criam as leis” gostam, todos calados, como diz o hino nacional “deitado eternamente em berço esplêndido”. Sou mais adepto do trecho de uma música do grupo O Rappa que diz “a minha alma está armada e apontada para acara do sossego, porque paz sem voz não é paz é medo”.
          E como disse certa vez a filósofa Márcia Tiburi a “omissão anti-política é uma corrução da ação”, ou seja, quando deixamos de lado as questões políticas estamos sendo corruptos passivos, pois quando não exercermos a nossa função de cidadãos membros de um Estado democrático de direitos todos sofrem as consequências. Lembra-se da PEC 37? A ação do povo marchando nas ruas culminou no anulamento desta emenda que proibiria o ministério público de investigar os políticos corruptos (apesar de que ouve outras inúmeras reinvindicações da população), imagine se a população tivesse assumido uma posição omissa anti-política!? Já foi alguma coisa, mas ainda precisamos de mais ação. O bom do nosso sistema político presidencial que sempre teremos alguém para por a culpa, ao invés de assumirmos a posição de atores efetivos nas decisões que determinarão os rumos de nossas vidas – as decisões políticas.
          Precisamos de políticos que assumam a causa política, pois os políticos no geral usam a política para satisfazer seus próprios interesses (se servem da política), sendo que deveriam pensar a política como uma forma de servir a população (servir a política). E como isso será possível? Quando a população fizer valer o poder que dela emana. A Democracia é um processo incremental de continuo desenvolvimento, maturação, não é um dado pronto e perfeito.
          Morte aos políticos corruptos!? Ops!!! – corrigindo, o grito que ecoa nas redes sociais é Morte aos traficantes. Quero Salientar que não vejo como método eficaz a pena de porte para esses delitos (para as mazelas sociais, pois todos nós contribuímos para sua perpetuação, seja passivamente ou ativamente), eu penso que penas mais severas e que tenham uma função punitiva-ressocializadora seriam mais eficazes, pois nosso estado assume apenas a função punitiva. 
          Os bilhões de reais que são desviados dos cofres públicos que poderiam ser investidos em educação, saúde e consequentemente em qualidade de vida, mas o chão se abre e toda a grana some. Como falar em questões de Justiça Social na atual conjuntura que vivemos!? Complicado. A solução é gritar Morte!?
          Pense quantos pais e mães de famílias que servem de “mula do tráfico” (termo que designa transportadores de drogas) seriam sumariamente executados, sendo que, muitos em situação precária de trabalho recebendo salários baixíssimos, recebem grandes ofertas de traficantes para transportar drogas. E muitos aceitam tendo em mente que será só aquela viagem para aliviar a angústia das finanças apertadas. Os dados dizem que a principal prisão de mulheres na América latina é concernente ao tráfico de drogas, lembre-se que a maioria são mães.
          É óbvio que o fato de alguém ser membro da classe C e D não serve de respaldo para a prática de crimes, mas o Estado disponibilizando melhores condições de vida para as pessoas, cada vez mais reduzirá a criminalidade. E resultará em melhores condições de vida, quero dizer, melhor investimento em educação e saúde que são bens básicos na sociedade na qual vivemos. Bens básicos que darão subsídios para a busca de outros bens.
          Ao invés de gritar Morte, ergamos nossas vozes e gritemos por uma reforma Estrutural no nosso sistema político, a não ser que você queria construir sua própria forca

Rodrigo Brito