sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Ideias inatas e empíricas



Eu sempre tentei imaginar o que se passava lá em cima, no céu - sem entender que o céu era realmente o estado de felicidade e harmonia interior - tentada a sair da realidade que me cercava. Em minha mente brincavam ideias que não se interligavam entre si, não havia coesão, nem coerência, algo sem sentido. Muitas perguntas sem respostas. Todavia, se encontrariam em algum momento ou não, as respostas, em buscar fazer sentido e, eu estava ali para isso. Tentando entender o que estava acontecendo comigo e o mundo a minha volta.
Minha face trazia um cansaço taciturno, exaurido de tantas lamentações alheias. Meus ouvidos eram como psicólogos gratuitos, e que nunca pediam nada em troca. Apelei para o mundo do equilíbrio e para o mundo de valores. A paciência, minha companheira constante, dava-me suporte nessas horas. Pessoas lamentavam insatisfeitas com suas vidas sem agradecer o fato de estarem apenas vivas. Sei que todos precisam desabafar, eu não acho ruim o fato de ser o ouvido desses desabafos até porque eu sei que esses problemas não são meus só preciso ser emprestada, mesmo nem sempre recebendo um simples obrigado depois. Faz parte.
   Penso que, como de forma costumeira o indivíduo sempre vai pelo caminho mais fácil, o de culpar as pessoas em primeiro lugar por suas frustrações. Eu acredito que quando não dá certo é porque não é para ser. Eu não escandalizaria e nem culparia ninguém, pois a ideia de insistir seria minha. Das interrogações, uma é sempre a mesma: por que nada dá certo? A pergunta pioneira que nunca sai do lugar. Mas dá certo sim, até quando dá errado, porque o errado nos mostra que não é o caminho certo e assim, continuemos.
      Por que eles são tão equivocados e imaturos? Por que eles não pensam antes de agir? É talvez o medo de não estarem certos daquilo que faz parte do seu saber no que dizem e se equivocam tentando mudar a cabeça dos questionadores imaginários que nada disseram? Questionamentos do mundo. Os indivíduos têm jeito repressivo, alguns optam por conhecer a suas ideias inatas, outros, se baseiam apenas nas experiências tradicionais. E, ainda outras, têm preguiça e não fazem nada á respeito.
 Quantas vezes o cego vai ter que explicar que não sabe definir sobre a luz da verdade? Ou não enxerga a realidade como ela é ou finge que é cego para não ver aquilo que de fato terá que fazer um esforço para conhecer. Porque o mundo das aparências é o mundo das sombras a qual ele vive acorrentado pelas algemas da sua ignorância. Prisioneiro de seus preconceitos e opiniões sobre a suposta realidade. E as ações humanas constituem a sua cultura porque não nascem com ele, e sim da trajetória de vida que seus ancestrais impunham á ele de aceitar.
E quem busca a verdade? Mais fácil viver como os homens do “Mito da caverna” que retratou Platão. A escuridão era acolhedora a qual já conheciam e viveram a vida inteira ali e, só imaginam a realidade. A luz da verdade poderia lhe causar espanto por ter que aprender a ver como ela é e esse aprendizado poderia lhe custar talvez o esforço máximo chegando a ser árduo. Sacrificante.
Quem admite que seja ignorante? Todos querem ser o dono da verdade sem ao menos conhecer o que de fato é a verdade. Sem ao menos saber o que significa as palavras que usam para especificar algo ou alguém. Não sabemos de nada e quanto mais nós estudamos menos sabemos.
Por que os humanos confundem tanto a utopia e a verdade? Conhecer aquilo que está dentro de si é mais difícil, porque aquilo que já existe dá uma base para conhecer a realidade. Conformismo. Devemos nos conformar só com o que vemos? Existem pessoas tão apressadas que nem se dão o prazer de passar por um processo de conhecimento, só querem resultados, querem tudo para ontem. Não vivem, vegetam. Não conhecem o que dizem, simplesmente falam porque é tradição e está nos registros falados e escritos dos ancestrais dizer aquilo e pronto, sem ter um conhecimento racional do que de fato é.
Sócrates deve ter dito que nós procuramos muito na escrita as respostas, sendo que as recordações iam sumindo da memória e assim, iam perdendo muito do seu saber, de conhecer a si mesmo e argumentar sobre todas as coisas. Sabiam somente o que já existia. E a escrita foi passando adiante, por todos, sem saber qual deles era o mais desprovido de conhecimento do que o mais intelectual. Que as fraquezas humanas advêm somente do medo que as domina sem se deixar buscar as respostas. O homem pede a satisfação dos próprios desejos e não pede para ter o que seria melhor para ele. Enumera aquilo que ele acha que vai ser importante para a sua felicidade sem conhecer de fato o que ele precisa de verdade e sem saber o que é a felicidade. E nem sabe o que precisa para viver. Esquecer-se da prática no bem que os leva a virtude. Fácil? Pode até ser, mas enquanto a dupla dinâmica: o orgulho e o egoísmo, formarem a essência da consciência humana, não haverá verdades a serem descobertas. Nem por meio de ideias inatas que é a mais difícil, sem precisar de dogmas ou livros para consultas do que ele procura. O levando a reflexão e nem as ideias empíricas as que já existem, como apoio ao entendimento da realidade.
Eu me debruço pela janela então, após essa cachoeira de pensamentos e, olho o mar calmo e o comparo com o ser humano. Há muitos mares que parecem iguais e que, são feitos da mesma água, mas que em sua profundidade há coisas que desconhecem porque não exploram. Como conhecer a si mesmo, questionar o mundo, saber o que é a beleza da lua, do sol, do céu, e claro, do mar.
Quem tem coragem de despir-se de seus preconceitos e valorizar a criança interior que têm? É fácil esconder o etnocentrismo que mora dentro de cada um: medo de dizer que se repudia o diferente e que seu modo de ser é normal e os dos outros não. E que a cada vez que se depara com o diferente, mesmo que isso seja da natureza humana na diversidade cultural, ainda julgam e não sabem respeitar as diferenças. Insiste naquilo que não pode mudar.
Pois bem, lembrei-me dos pensadores filósofos da história que, discordavam de suas teorias entre si. O pensamento cartesiano, por exemplo, defendia a ideia de ser a mente que pensa, pois se pensa, logo existe. Simboliza a clareza das ideias inatas. Em contraposição, o empirismo que outros pensadores, como exemplo, Bacon, que concordava que é a experiência que guia a realidade, não havendo a possibilidade de existir uma realidade “antes” da experiência. Hume que era cético e que dizia que somos à força do hábito, costumes e memórias e que não há um conhecimento certo ou definido. Cada um defendendo as suas ideias e questionando.
Ninguém é dono da verdade, pois ela não pertence á ninguém, passa de mente em mente. Quem busca incansavelmente a verdade das coisas vai ter alguma mudança de atitude. Para isso acontecer é que devemos questionar e não mais esconder as crenças silenciosas dentro de si por medo de estar errado. Onde há humano, há erro.

Contudo, argumento, sou livre quando domino a minha vontade ou me obrigo a aceitar o que a minha sociedade determina? Mudemos nossas perguntas então, ao invés de perguntar “Que horas são?”, perguntemos “O que é o tempo?”. E talvez isso mudaria muita coisa. As pessoas sentem-se impelidas a indagar qual é a origem, o sentido e a realidade de nossas crenças.

Gisele Regina

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Analfabetismo emocional



Era 17h30 da tarde.
Lola veste shorts jeans e um blusão bege que caí em seus ombros; sapatilhas super discretas. Seus óculos carregam a intelectualidade de que se orgulha, e o mesmo escorrega suavemente no contorno de seu nariz. Toda atrapalhada: bolsa, celular – com fones de ouvido disparando Numb do Linkin Park -, garrafa d’agua e um caderno nas mãos. Uma equilibrista material. Com um passe de estudante nas mãos, corre para pegar o ônibus.
Desce do ônibus.
Entra no prédio e depois na sala e senta. Liga seu notebook e abre o texto da aula e começa a ler. Desligara-se facilmente no contexto. Pouco fala, e pouco percebe o seu arredor, principalmente com que  acontece dentro dela mesma.
Ela não tem consciência profunda quando sua vida não está bem, mas tem sensações de que algo está errado, talvez por má sorte ou culpa do acaso. Adormecera em si mesma, e ignorara levantamentos de indagações. Além disso, achara que somente os fatores externos eram os culpados pela sua infelicidade: as pessoas ao seu redor, a cidade em que mora, o governo, o tempo e etc.
Ela não percebia o sofrimento que gerara para si. Não sentia o mundo real. E tudo ia se aglomerando em Lola de uma forma inconsciente, até chegar a um ponto que não se sentia mais, pois que já se acostumou com tal situação. A estudante estava consumida diariamente pela ansiedade, para resolver problemas lógicos, e isso a deixara em desiquilíbrio emocional. Claro, sem ela saber, ou ter apercebimento disso. Já que dava mais atenção ao racional.
Lola achava que se afundando em seus estudos e tomando atitudes que me parecessem mais lógicas, ela encontraria as soluções. Não percebia os erros que cometia, em se tratamento da vida afetiva, e sofrimento surgia. Isso ela sentia friamente.
Em casa ela fazia favores para seus familiares e não percebia o aproveitamento exagerado dos demais, quanto a sua intelectualidade, em querer prestar sua atenção às coisas do tipo. As ideias prolixas e doentias que um o outro contava, no trabalho, e eram conversas com energias de assuntos imaturos e sem razão de se estender. E na faculdade, o cansaço mental dos professores e alunos, quanto à enxurrada de textos a serem lidos e mais lidos. Lola queria absorver o máximo possível, nada era exagero, nada era de menos, tudo estava normal pra ela, salvo aquela sensação de erro lá no fundo de sua alma que ela se recusava a entender.
Vivia dando desculpas ao namorado que tinha que estudar, mesmo sentindo muita saudade dele. Não só, aos seus amigos, aos familiares e a vida social, quando se tratara de emoções. O importante para ela era o intelectual, o emocional ela deixava de lado, já que não sabia como entender essa coisa. Ela tinha problemas de autoestima sem saber que tinha. Em vagas horas do dia ela se deixava pensar em nada. Faltava alguma coisa, mas ela não se interessava em saber.
22h55 ela chega a casa, toma um banho, come algo e vai ler antes de dormir, é algo sobre a aula de Filosofia que ela não havia racionado direito. O celular toca e é o gato manhoso dela, que ignora a ligação e volta para sua leitura que está mais interessante. Por volta das 23h49 deita e tenta dormir.
Seus sonhos são justamente aquilo que reprime. Ela chora em seus sonhos todos os dias, não sabe se sente raiva, medo, angústia ou qualquer outro sentimento. Acorda lá pelas 03h57 da madrugada. Lola não ora, não sabe mexer com as energias superiores. Levanta e faz chá de camomila. Cai na cama e logo dorme de novo. E todo dia isso acontece. Ela não sabe que sofre de analfabetismo emocional. 
A garota não sabe lidar com os sentimentos, vive adormecida em seu recôndito medo. Ela traz sentimentos negativos que vão sendo criados por seus sentidos, dai se cria as doenças físicas, as energias fragmentadas que ecoam dentro e estragam os órgãos.
Lola tem problemas como: pressão alta, diabetes e alergias. Mas ela acha que esses problemas de saúdes são porque sua mãe tem, a sua avó e seu pai. Ela não sabe detectar jogos de manipulação familiar, padrões negativos repetitivos, autoestima baixa. E tudo isso influencia demais em suas escolhas, que tendem a ser resolvidas sempre de forma lógica e prática.
No dia seguinte, lá pelas 22h15 seu namorado liga e ela atende:
- Até que enfim!
- Oi amor, como vai?
- Eu vou bem, mas acho que você não.
- Como assim? Eu tô ótima! Por que achas que não tô bem?
- Faz um mês que tô tentando falar contigo e nada. Tá me ignorando?
- Claro que não, é que tô com muito trabalho para fazer da faculdade. E também tem meu trabalho que me consome. Tu sabes muito bem disso.
- Tu vives nesse mundo intelectual e não se dá conta de que sofre de analfabetismo emocional!
- Como assim, O que é isso?
- Pesquise, já que você gosta de estar bem informada.
- Vou fazer isso.
- Faça! E depois nos falamos.
E desliga o celular.
A boa educação formal e a caseira não ajudara nesse aspecto quebradiço da sua vida. Pois a maioria tem analfabetismo emocional e não sabe. Principalmente o desequilíbrio emocional familiar, o que gera uma corrente negativa, da qual afeta a pessoa que não tem consciência do que está acontecendo. De que é o interior que precisa ser modificado e não o exterior. Lola pensava que era seu exterior.
Ela então fez uma série de pesquisas: percorreu a internet; recorreu aos profissionais na universidade, e não se convenceu do que se namorado afirmara. Seu ego defende a posição de vítima. O orgulho é maior. Ela não se permite enxergar de forma humilde o porquê do erro. E também, ignorara em todos os momentos o que é raiva, culpa e frustação, não percebia as manifestações físicas por causa das emoções. Vivia com dores de cabeça e achava ser culpa externa, mais uma vez.
Alguém sempre vai ter que falar. A “vítima” nunca vai dizer que tem o problema. Mas, dentre todas essas aglomerações de sentimentos sem questionamento, uma hora explode, e com Lola não foi diferente.
00h35 Lola começa a ficar sem ter o que pensar. Seu coração deslancha. Olha para o celular e disca o número do seu namorado, ele não atende. Liga de novo, e ele atende.
- Oi Lola.
- Por favor, me ajude a entender isso, eu não consigo.
Sua voz estava arrastada e carregada de choro.
- Estou indo aí. Até que enfim você pediu ajuda.
Desliga o telefone e senti um alívio percorrer todo aquele estado de ansiedade que a dominava sem ela perceber.
Depois de algum tempo ele chega.
Ela abre a porta e pergunta.
- O que eu preciso fazer primeiro?
- Praticar o autoconhecimento. Só assim reconhecerá suas emoções boas e ruins. E mais importante, usar os sentidos para ler a vida. Podemos começar?
- Podemos.
Finalizou Lola.

Gisele Regina

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A vida é breve, leve e linda


Um lindo dia nasce e com ele renascemos a cada dia. Com estes dias a renascer, nós vamos regenerando-se com cada ato, intenção e percepção da vida. A voz da consciência evolui. E, com essa evolução, cada detalhe de melhora íntima vai nos modificando com um  jeito de olhar e de sentir em relação ao mundo, de outra forma. Daí, quando percebemos não somos mais os mesmos de antes, porque a cada minuto, comparado a uma vida inteira, são muitas mudanças que vem se entrelaçando e crescendo dentro de nós.
Não faz diferença nenhuma se você não está consciente da sua transformação diária. Todos os dias nós aprendemos e também ensinamos. Quem não sabe disso? Você percebe isso? Utilizamos as informações a nós emprestadas fazendo-as progredirem. Quando dolorosa, progridem depressa. Todos nós estamos nos movendo em velocidades diferentes. Você acaba raciocinando quais pensamentos são mais válidos para sua vida. Logo, vai esvaziando tudo o que há na sua mente de lixos, e então, a mente já limpa, para uma reflexão.
Que imagem o termo bondade evoca em você? Talvez uma pessoa, talvez um sentimento, ou também um objeto e quiçá, algo intangível que você desconhece.
 Não há certeza de nada desde que palavras se manifestem em busca de um resultado da dúvida exigida que seja sentida pelo coração. Controlando os pensamentos que trazem consigo a utopia. O equipamento do pensamento fértil traz a eclosão dos sentimentos, fazendo o baralhar das ideias se transformar em agonia. Mas que uma hora o resultado aparece no embalo de alguma sinfonia.
Por trás de uma boca fechada há sempre muitas palavras se enfileirando para sair há qualquer momento. Porém, nem sempre sai tudo. O pensar se aninha com o exigir.
O coração que há permitido um barulho afundado carrega com ele ideias profundas e desconhecidas para um entendimento do agora.
Como saber o que existe dentro de uma cabeça com ideias fracas? Um amontoado de coisas. Se não traz coisas para si, traz coisas para o mundo.
O que pensar que dessa vida somos todos personagens? Cada um com seu papel a exercer perante a sociedade e a para si mesmo, o que de fato aprendemos e somos.
Representamos a nossa própria forma de ação. 
A fraqueza das pessoas de hoje que se aprofunda em sua mágoa, causa a depressão.
A falta do juiz da consciência nos leva ao estacionamento. Quando acordamos para a vida muitas coisas começam a fazer sentido. O espiritual, o psicológico, o físico, o mental, o sentimental, enfim... Vão se entrelaçando e trabalhando juntos até se formar e ser um só.
O corpo então se fortalece quando é amenizado a ansiedade e o medo. Um pouco da paz tão esperada então penetra em nosso ser e nos livra até das doenças que tínhamos antes. Que, por influências de sentimentos repetitivos e muitas vezes remoídos, nos tornava enfermos.
Morremos todos os dias quando deitamos e dormimos. E quando acordamos tememos a morte. Que ironia, não?
Como aprender com a vida se não pararmos para experimentá-la? As calamidades são provas para executarmos nossa inteligência de mostrar a paciência e resignação. E, paulatinamente é que nós vamos nos descobrindo, interagindo com nós mesmos e com o mundo a nossa volta. Entretanto, trabalhamos para obter o progresso, sem isso, não progredimos. Não acontece tudo de uma vez só, por isso tudo tem sua hora certa para realizar-se, no tempo em que estivermos preparados.
A vida é breve, leve e linda!

Gisele Regina


sábado, 16 de agosto de 2014

A vida é uma metáfora




Você é a única pessoa que consegue interpretar o seu mundo, se dispuser de tempo para isso. Porque só você tem a liberdade de se conhecer. Há elementos importantes que podem ser agregados a uma boa interpretação: o amor, a caridade e o desapego. Estes elementos nos levam aos caminhos possíveis de serem satisfatórios e sem ilusões. Além disso, nos ajudam a passar pelas provas implícitas que a vida nos impõe como obstáculos. Só vamos colher o fruto da semente que plantamos em nossos caminhos lá na frente se desvendarmos esses sentidos dentro de nós.
   A mente, o corpo e a alma trabalham as futilidades e os desperdícios. A alma absorve e registra tudo o que fazemos e recebemos de nós e dos outros. A mente processa as informações de acordo com seu limite e, o corpo é o instrumento que executa as tarefas árduas; muitas vezes nem sentimos o quanto ele sofre com as nossas atitudes imaturas, por vezes, despercebidas. Portanto, esses elementos se somam, sendo eles bons ou ruins.
   Há destruições de egos dentro de nós, tal qual, uma guerra, da qual nem imaginamos. Não só, ela acontece toda vez que esses fatores fogem uns do outros como se fossem independentes, mas não são.
   Quando há um entrelaçamento de ideias que se destinam para os mesmos lugares, há mais motivação porque tem foco. As metáforas são amiúdes e delas é que temos que buscar as informações mais adequadas. Uma vez que interpretar é desvendar sentidos, não os que queremos, e sim aqueles que precisamos de fato.
   Há maneiras de saber o que temos que saber. Uma delas é buscar conhecer de verdade a si mesmo, sem nada a esconder de si. Quando nos analisamos sem preconceitos, sem limitações, sem vestígios de qualquer bloqueio que nos faça não enxergar o real daquilo que somos, logo, as portas e janelas da alma se abrirão. E, tudo o que está lá vai se desprendendo aos poucos em prestação, até nos acostumar a querer ver o que escondíamos. Só basta estar pronto e as coisas virão automaticamente.
 E quando isso acontecer, a vida não será mais uma metáfora. Literalmente nos conheceremos nas diversas ações das quais antes não sabíamos ser capazes de conhecer. E você descobre que, pode ser mais do que aparentava ser. Que o que se apresentara aos seus sentidos e a sua razão era algo que costumava fazer parte da sua visão limitada, aquela que você criou e que a cegueira não deixava ver. Mas estava ali, o tempo todo só esperando você estar pronto para ver.
  Deixamos passar coisas tão simples e singelas, como uma simples mensagem que passa despercebida e que poderia nos acrescentar; como o canto dos sabiás tão alegres que pareçam que nada mais existe de tão maravilhoso para ouvir; e como reparar se as pessoas ao seu redor estão satisfeitas ou não. Seguimos pelo lado oposto, o difícil, por isso as metáforas são tão presentes.
   É muito difícil entender a mensagem quando o sentido verdadeiro a ser compreendido não está claramente ali, na frente dos nossos olhos carnais, no entanto, os olhos da alma não se deixam ver pelo escudo que criamos para proteger aquilo que temíamos saber. Mas também, o medo que habita nossos pensamentos, sendo um produto imaginário, nos faz temer coisas que talvez nem exista e nem existirão. E tudo isso faz parte de uma escolha, o medo é uma escolha. Ele bloqueia os sentimentos de amor, de caridade a si mesmo e ao próximo e principalmente, o desapego. Uma vez que achamos que a felicidade está em alguém ou em algo. A felicidade então se torna a dependência de algo para se tornar realidade.
 Cada indivíduo é responsável por si mesmo, em se melhorar, em fazer a sua autoavaliação e, corrigir seus erros. Ter a vontade sincera de aumentar seu nível moral. Estar em paz com sua consciência e não temer a mais nada, já que, o inimigo também mora dentro de cada um de nós e, é ele que nós temos que derrotar, e nada mais. Porque ele é que veda o que precisamos saber.
 Assim, cabe a nós mesmos acionar os melhores mecanismos para dar conta do entendimento das metáforas. Pois as mensagens nem sempre serão evidentes e compreendidas enquanto o lado sombrio de cada um bloquear as verdades aprisionadas. Se você tiver domínio sobre a si mesmo e uma boa percepção, saberá interpretar todas as metáforas, porque as respostas estão dentro e não fora de você.

 Gisele Regina 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Céu e inferno são estados mentais da consciência.



       
 Diversas religiões afirmam que se você não for adepto de suas convicções teológicas, se você for membro de outras religiões ou de nenhuma você está fadado a danação divina. Em resumo, você não é merecedor da salvação, perecerá no “lago de fogo e enxofre”. Todavia, o conceito de inferno que aqui desenvolverei possui outra conotação, não adentra uma dimensão metafísico-teológica. Adentra sim uma dimensão mental de estado de consciência.
    Em outras palavras céu ou inferno estão dentro de nós, uma alma dividida vive em constante conflito, a crise existencial decorre muito de conflitos internos do sujeito, embora não se resuma a subjetividade, pois existem fatores extrínsecos a nós, por ex.: guerras, fome. Se você não está em paz consigo mesmo, se dentro de si reside um rio caudaloso, dificilmente encontrará guarida no mundo exterior, a paz emerge do interior para o exterior. É um movimento de dentro para fora. O máximo que fatores exteriores são capazes é de motivá-lo ou ajuda-lo a promover a paz interior. Como diz o jargão popular “você pode se sentir sozinho em meio à multidão”. Sartre corrobora essa afirmação intuitiva do consenso popular, segundo o filósofo se você não consegue ficar sozinho significa que você está em péssima companhia (você está no inferno).

"Na verdade não existe céu e inferno, isso significa apenas o estado de consciência, se você está feliz com sua consciência e seu coração está em harmonia você está no céu, mas se você está perturbado, deseja o mal a alguém, está com raiva, você está no inferno, simples assim. Nós que decidimos onde queremos ficar." Gisele Regina, Espiritualista e Literata.

Na vida teremos aflições, mas devemos ter força de ânimo. Ao invés de nos fazermos vitimas sejamos autores e atores de nossa própria história no picadeiro da vida real. Se você não se sente valorizado no trabalho, não respeita/acredita mais na empresa. Está em um relacionamento que em nada agrega valor a sua vida... É hora de mudar de ares, buscar novos desafios, oxigenar a mente, pois “uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. O medo da perda é traidor, pois evita também que conquistemos aquilo que é mais significativo para nós.
    Pegarei emprestado das ciências econômicas a “proporção de perda e ganho”.  Para ganhar um bem maior, é preciso renunciar algumas coisas, não se pode abraçar tudo ao mesmo tempo. Mas essa relação de perda e ganho é preferível quando o ganho é maior que a perda. Quanto se parte do mínimo para o máximo. Ou seja, os riscos de se investir só são vantajosos na medida em que o ganho supera a perda. Na medida do possível a economia não deve ser entendida como um “jogo” conforme comentário precedente.
  Em resumo, céu e inferno são dimensões que envolvem um estado mental da consciência. Céu estado mental da consciência de harmonia (paz), embora paz não signifique felicidade plena permanente (não me demorarei no conceito de Felicidade que por si só rende muita reflexão). Inferno estado mental da consciência de perturbação. Portanto, alimente aquilo que é positivo no seu interior. Certa vez um índio disse: “tenho dois cães dentro de mim, mas só um vai sobreviver”, perguntado sobre quem ganharia a luta ele disse: “o que eu alimentar”. Assim, alimente sua mente de pensamentos positivos e transforme os pensamentos positivos em ação afirmativa em sua vida.

Rodrigo Brito.




domingo, 3 de agosto de 2014

Cultura

Cultura

A cultura é tão somente um modo de se expressar sem desrespeitar o próximo, é toda a ação que o ser humano produz para agregar a seu tipo de tradição ancestral que cultiva. E também é um movimento incessante que já superou muitas fases às adaptações da modernidade.
Podemos dizer que cultura é tudo aquilo que não é natureza. Por sua vez, toda ação humana na natureza e na sociedade é cultura. A fome do ser humano é biológica, mas a maneira de se alimentar (arroz, feijão, vatapá, açaí, peixe ou lanches McDonalds) é cultura; o frio sentido por nossos corpos no inverno é natureza, mas como nos vestimos para nos proteger (calça jeans, camiseta, blusa de lã) é cultura; a necessidade de nos locomover é natureza, mas os meios que utilizamos para fazê-lo (sobre os próprios pés, com uma bicicleta, com um fusca, montados em cavalo ou de carro importando com motorista) são culturas, e tudo o que é produzido pelo homem é cultura.
Todo o ensinamento que se é passado durante a trajetória de vida é aos poucos anexado no presente, ainda que se vive transformando essas informações no conteúdo do momento para vivenciar no decorrer do caminho que se escolheu viver. Perante as ideias construtivas que foram cultivadas e que vai florescendo no dia a dia. Esse cultivar se transforma, pois, nos adaptamos às vivências do momento, um exemplo, a tecnologia. 
Logo, essa metodologia de inventos que o homens começou progredindo, nos dá a oportunidade de nos envolver com outras culturas sem sairmos do lugar, e um bom exemplo dessa diversidade e multiculturalismo. Este tipo de mistura de culturas faz com que as pessoas se envolvam e apreciem os costumes de outrem, tendo conhecimento e o mais importante, aprender a conviver e até apreciar aquilo que não lhe é comum, fazendo que obtenham respeito.


Gisele Regina

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Brincando com as Letras


 


As Letras
tem
gosto
cheiro
forma
som
cor
sensação
emoção
...
No pintar
no escrever
no desenhar
no ler
no atuar
no cantar
No sentir
No amar
No odiar
...
As Letras
atuam no
ar puro
verde singelo
natureza fresca
No branco cabelo
No rabo do gato
No computador
Na arquibancada
E nas bocas alheias.
...
Letras traduzem
pensamentos
quietude
o café
a paz interior
o sol
os pássaros
o sinal vital
eloquência
discursiva.
Monografias.
...
As Letras
falam da
terra
céu
chuva
vento
Tempestades
Arco-íris
Mar
Silêncio
...
As letras
enfatizam
a
Loucura
paixão
rebeldia
orgulho
tranquilidade
vaidade
honestidade
razão
emoção
...
As letras
trabalham
dão vida
ao nada
dão letras
ao som,
do clássico
aos ouvidos.
...
Enfim
elas
tecem
configuram
organizam
e movimentam
moralmente
espiritualmente
intelectualmente
e, materializam
todas as
linguagens
verbais
e não verbais.

Gisele Regina.

AS ATRIBUIÇÕES DA ARTE NA EXISTÊNCIA HUMANA

(Doutores da alegria, Os Doutores da Alegria tem como missão promover a experiência da alegria na adversidade por meio da arte do palhaço. Desde 1991, atua junto a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais da saúde, colaborando para a transformação do ambiente onde se inserem, wikipedia).

AS ATRIBUIÇÕES DA ARTE NA EXISTÊNCIA HUMANA

Estive pensando sobre questões existenciais e o papel da arte em nossas vidas. Você pode está se perguntando; qual é a relação entre ambos? O que vou escrever é apenas uma tentativa, um esboço literário, uma provocação. Sem pretensões que seja um ensaio, tampouco artigo.
  Para atender a pergunta introdutória eu direi intuitivamente que a arte tem a função de preencher parte de nosso vazio existencial que as nossas relações interpessoais (amizade, namoro, casamento etc.) não são capazes de preencher. Quando falo arte, este conceito é mais expansivo do que muitos possam imaginar, refiro-me não apenas a arte em si, mas também a literatura, a música, o belo, o sublime, etc. Quem nunca sentiu um prazer sublime lendo um bom livro, ouvindo aquela música? Quem é capaz de dizer que os “grandes” poetas não contribuem para tonar nossa existência mais bela e contente? . Vezes o que precisamos não é necessariamente a companhia de alguém, mas simplesmente ir sozinho a uma exposição de artes, assistir um bom filme, está consigo mesmo não significa solidão "se você sente tédio quando está sozinho é porque está em péssima companhia" ( Sartre). Não estou pregando um individualismo solitário, apenas para tornar mais nítido o que estou dizendo, pois alguns poderiam dizer que seria apenas um pretexto para se ter a companhia de alguém, embasando a relevância da Arte. E isso também não implica que não possamos viver esses momentos felizes proporcionados pela arte com amigos ou um grande amor. Entenda o que eu digo. Pois através da arte podemos nos comunicar com o outro através de nossos sentimentos, da manifestação daquilo que é mais intrínseco a nossa essência de ser. Gerando um diálogo, uma comunicação de coração para coração.
  Talvez pensando nisso que Ludwig van Beethoven certa vez disse “a música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria”. Arte implica em criação, arte implica em empirismo, afeições dos sentidos, que são nossos sentidos mais básicos da existência humana; a sensibilidade. As tragédias clássicas da Grécia antiga refletiam elementos da vida codiana das pessoas, seus anseios, suas paixões, vontades. Não obstante os Deuses possuíam de certa forma características humanas, vícios, paixões... A arte imitando a vida e a vida imitando a arte, uma confluência de fluidos da vida. A vida é manifestação, vida não é conceito.
  Quando procuramos preencher nosso vazio existencial apenas nas relações intersubjetivas parece-nos que algo fica faltando, um sentimento de incompletude. Penso que possa está faltando um pouco de arte para você colorir a vida. Se olharmos também numa perspectiva espiritualista, veremos que a tradição religiosa se apropria muito da arte, com seus símbolos, significações, manifestações de ser. Embora existam suas distinções. A arte também possui uma dimensão metafísica assim como o espiritualismo, pois ao mesmo tempo em que faz parte de nossas sensações exige certo desprendimento, reclama elevar-se a uma instância superior para contemplação, espanto, maravilhamento. O sublime pode causar desconforto, mas quando ultrapassado a zona de desconforte vem a alegria, o belo traz em si uma espécie de harmonia, calma, tranquilidade disse Kant. O desconforto e a harmonia são coisas corriqueiras a nossa existência e bem presentes na arte. Quem não sente espanto diante de uma expressão artística de Rembrandt ou harmonia e suavidade diante de um campo na primavera ou a melancolia do outono?
Assim, uma vida sem expressões da arte impressa na alma é como uma folha seca no outono ao sabor do vento. Levemos nossas crianças ao cinema, lermos bons livros à elas, pois a educação bem orientada podem obter da arte muitos prazeres. A arte está acessível não apenas o homem “letratado, culto” está presente na vida do homem do campo (seus costumes, forma de vida), do homem da favela, do homem do asfalto. Não vejo a necessidade de escravizar economicamente o próximo para dedicar-me ao ócio fecundo que a arte proporciona e enriquece a vida humana em sua infinita possibilidades. Que arte venha cultivar em nossas vidas o sentido da vida, que com ela possamos manifestar os nossos sentidos, emoções, paixões. E que ela nos indique uma estrada, seja na planície ou abeira do precipício. Garanto que a razão saltará de alegria, que a existência tornar-se se há mais feliz. É isso aí.

Rodrigo Brito



quarta-feira, 23 de julho de 2014

O inquilino



Antes dele outros inquilinos locaram o lugar
Deixando as paredes sujas com marcas de pés
Teto cheio de goteiras. Descaso total.
Confesso que chegaram pessoas interessadas
Em fundar ali morada, mas a casa estava em condições precárias.
Pra ser sincero decadente, telhas de aranhas no teto e por aí vai.
Não favorecia o mínimo de hospitalidade
Com más condições para a existência humana.
Quem ia querer ali morar? Deixando desprotegida
E sem abrigo a sua família!
Sem o mínimo de conforto e comodidade.
Apesar de que não era descaso apenas do proprietário
Quem passava com frequência por aquela rua
Recorda que a casa era formosa, até um jardim
Adornava a entrada.
Não sei se ele foi o maior culpado, os residentes
Que ali passaram tiveram sua parcela de culpa.
Mas se bem que sendo o maior interessado
Nada mais sensato que fazer visitas rotineiras
E eventuais reparos
Expulsado de lá os inquilinos fanfarrões.
Mas como diz o ditado
"Brasileiro só fecha a porta depois da casa roubada”.
Chegou um momento que eu estava cansado de tudo aquilo
Vivia recebendo cartas com boas recomendações
Até fiadores. E o resultado foi o que eu te disse.
Resolvi então chutar o pau da barraca
Ninguém mais iria morar ali, fodam-se todos.
Pois como diz outro adágio popular
“De boas intenções o inferno está cheio”
De boa então, dias se passaram e recebi uma ligação
Um sujeito chamado Amor tinha se interessado pelo
Imóvel, eu disse então que estava fechada para balanço.
Dois dias se passaram e de novo outra ligação
Na semana seguinte toca o telefone e quem era do
Outro lado da linha? Isso mesmo, o bendito.
Eu já não aguentava tantas ligações e pensei
Vou apresentar o imóvel pra essa criatura
Pois garanto quando ele entrar lá, nunca mais
Vai me incomodar. Assim o fiz.
Adentramos a casa, logo vi o olhar de espanto
E ri comigo mesmo. Mas não é que o indivíduo
Quis mesmo assim!?

Respirei fundo:
Abri as portas de minha casa
Afastei-me um pouco pro lado; cedi licença.
E gentilmente o amor adentrou meu lar
E foi fazendo ali morada.
Foi um ato de bravura.
E vi que antes de tudo é preciso
Dar uma chance a si mesmo.
Sem dar uma chance a si mesmo
Mesmo diante dos reveses da vida
O amor torna se incomunicável.

Rodrigo A. Brito